Uma verdadeira tempestade econômica se forma no horizonte global com a escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que atinge níveis alarmantes em 2025. Tarifas americanas de até 145% sobre produtos chineses, impostas pelo presidente Donald Trump, e retaliações chinesas com taxas de até 125% sobre bens dos EUA estão sacudindo as cadeias de suprimento mundiais, gerando um efeito dominó que chega ao Brasil com promessas de lucros tentadores, mas também com riscos que não podem ser ignorados. Em meio a esse embate de titãs, o país se vê em uma posição delicada: será este o momento de colher oportunidades ou de se preparar para um impacto devastador?
No epicentro do conflito estão as políticas protecionistas de Trump, defendidas como um escudo para a indústria americana e uma tentativa de reduzir o déficit comercial dos EUA. Desde janeiro, mais de 750 grandes empresas americanas, incluindo gigantes como Walmart e Lowe’s, expressaram profunda preocupação em reuniões com investidores, alertando para o aumento de custos e a queda na demanda que já afetam milhões de consumidores . A China, por sua vez, não ficou para trás, retaliando com tarifas pesadas sobre produtos agrícolas e industriais dos EUA, além de limitar a exportação de matérias-primas cruciais como terras raras, uma jogada que muitos analistas consideram um golpe estratégico no coração da economia americana .
Para o Brasil, o cenário é um jogo de alto risco com recompensas potencialmente históricas. O país se beneficia da desvantagem americana no mercado chinês, especialmente no agronegócio. Enquanto tarifas chinesas sobre soja dos EUA chegam a 23%, o Brasil enfrenta apenas 3%, o que impulsiona exportações de commodities como soja, milho e carnes . Estudos do Insper Agro Global e simulações do MIT sugerem que, com tarifas chinesas de 100% sobre produtos americanos, o Brasil poderia faturar até 10 bilhões de dólares a mais por ano só com soja, sem contar ganhos em setores como aviação, onde a Embraer já vê suas ações subirem após proibições chinesas a aviões dos EUA .
Mas nem tudo são flores nesse campo de batalha econômico. Assessores do presidente Lula alertam que a guerra comercial pode frear o crescimento brasileiro, revisando projeções do PIB de 2,1% para cerca de 1,5% em 2025, devido à desaceleração global e à possível retração da demanda chinesa por commodities se a economia do país asiático sofrer um colapso . Setores como a siderurgia nacional enfrentam barreiras com cotas e tarifas americanas, enquanto a valorização do dólar, alimentada pela instabilidade global, encarece insumos importados, pressionando a inflação e apertando o bolso do brasileiro comum. “Hoje podemos lucrar, mas amanhã o Brasil pode ser apenas uma peça no tabuleiro de EUA e China”, adverte Marcos Jank, do Insper Agro Global, apontando para o perigo de o país ser usado como moeda de troca em negociações futuras entre as potências .
Enquanto o mundo prende a respiração diante dos próximos lances dessa guerra sem precedentes, há quem acredite que os custos políticos e econômicos nos EUA, como inflação galopante e desemprego, possam forçar Trump a recuar nos próximos meses, conforme avaliam negociadores brasileiros . Até lá, o Brasil precisa traçar seu caminho com extrema cautela, diversificando mercados e fortalecendo sua posição estratégica para não ser pego desprevenido. Esta batalha comercial não é apenas uma disputa entre duas nações; é um teste de fogo para a resiliência econômica brasileira. Resta saber se o país sairá como um vencedor improvável ou como mais uma vítima colateral desse conflito avassalador.