Em um movimento que pode redefinir o equilíbrio de poder tecnológico no mundo, os Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, lançaram um projeto de inteligência artificial (IA) de proporções colossais no Oriente Médio, com foco nos Emirados Árabes Unidos (EAU) e na Arábia Saudita. Anunciado em maio de 2025, durante uma visita de alto perfil à região, o plano inclui a construção de um campus de IA de 10 milhas em Abu Dhabi e acordos comerciais que ultrapassam 2 trilhões de dólares, posicionando o Golfo como um novo epicentro digital global. Enquanto a iniciativa promete acelerar a dominância americana na corrida tecnológica contra a China, ela também acende alertas sobre riscos à segurança nacional e o futuro do controle digital .
O cerne do projeto é a parceria entre a empresa emirati G42 e gigantes americanas como Nvidia, AMD e Amazon Web Services, que liderarão a criação do campus em Abu Dhabi, alimentado por 5 gigawatts de energia elétrica. Este será o maior empreendimento de IA fora dos EUA, parte da chamada "U.S.-U.A.E. A.I. Acceleration Partnership". Além disso, os EAU receberão até 500.000 chips de última geração por ano, como os Nvidia H100 e GB300 Blackwell, enquanto a Arábia Saudita terá acesso a mais de 18.000 unidades, permitindo a construção de centros de dados e clusters de treinamento de IA em escala nunca antes vista na região. Projetos como o Stargate UAE AI Campus, um veículo de investimento de 500 bilhões de dólares com participação da OpenAI, Oracle e Cisco Systems, previsto para 2026, reforçam a ambição de transformar o deserto em um oásis tecnológico .
A estratégia de Washington vai além do lucro comercial. Trata-se de uma jogada geopolítica para conter a crescente influência chinesa no Oriente Médio, onde Pequim já marcou presença com infraestrutura de 5G e serviços de nuvem pela Huawei. Diferentemente da política restritiva da administração anterior, Trump adotou uma abordagem de "difusão controlada", relaxando controles de exportação e negociando diretamente com aliados para fornecer tecnologia de ponta. Para os países do Golfo, a parceria é um passo crucial rumo à diversificação econômica pós-petróleo, com a Arábia Saudita investindo 600 bilhões de dólares em tecnologia americana e desenvolvendo modelos de IA em árabe, enquanto os EAU buscam soberania digital com infraestrutura própria .
No entanto, nem tudo são promessas de um futuro brilhante. Críticos em Washington alertam para os riscos à segurança nacional, apontando a falta de salvaguardas que impeçam o acesso indireto da China a essas tecnologias, dado o histórico de colaborações dos EAU com Pequim. Há também preocupações sobre o uso de IA por regimes autoritários para fins de vigilância ou repressão, o que poderia colidir com valores democráticos. “Estamos entregando ferramentas poderosas sem garantias suficientes de como serão usadas”, adverte um ex-funcionário do governo americano. Outro temor é que, até o fim da década, os maiores centros de dados do mundo estejam no Oriente Médio, potencialmente minando a vantagem tecnológica dos EUA a longo prazo .
Enquanto o mundo observa essa aposta ousada, o impacto se estende além da região. Para países como o Brasil, a reconfiguração das cadeias de suprimento de tecnologia e o acesso a inovações podem ser influenciados por esse novo eixo digital no Golfo. A iniciativa americana no Oriente Médio não é apenas um projeto tecnológico; é uma declaração de poder em um campo de batalha onde a IA se tornou a arma do futuro. Resta saber se os EUA conseguirão manter o controle sobre essa força ou se abriram uma caixa de Pandora cujas consequências ainda não podemos prever.