A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou nesta semana o Boletim InfoGripe, trazendo um alerta preocupante sobre o aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil. De acordo com o relatório, já foram notificados 83.928 casos de SRAG em 2025, dos quais 49,4% testaram positivo para algum vírus respiratório. Dentre os agentes identificados, a influenza A destaca-se como predominante entre adolescentes, adultos e idosos, sendo responsável por 73,4% dos óbitos por SRAG com confirmação viral.
O boletim aponta que, nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência de influenza A entre os casos positivos atingiu 38,9%, ficando atrás apenas do vírus sincicial respiratório (VSR), com 47,3%. Entre as crianças de até quatro anos, o VSR é o principal responsável pelas internações, enquanto a influenza A tem maior impacto em hospitalizações de jovens a partir dos 15 anos e, especialmente, em idosos acima de 65 anos. A mortalidade associada à influenza A é particularmente elevada na população idosa, o que reforça a gravidade do cenário atual.
Diante desse quadro, a Fiocruz enfatiza a necessidade urgente de ampliar a cobertura vacinal, especialmente entre grupos prioritários como crianças, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades. A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz, destacou que a vacinação contra a influenza A é uma medida essencial para reduzir a pressão sobre os serviços de saúde, que enfrentam crescente demanda por atendimentos e internações. Ela também lembrou que a vacina leva cerca de 15 dias para gerar proteção, tornando fundamental a imunização imediata desses grupos.
O relatório ainda observa sinais de estabilização ou interrupção no crescimento de casos de SRAG em algumas regiões do Centro-Sul, Norte e no Ceará, mas os patamares de incidência permanecem elevados. Enquanto isso, estados como São Paulo, Rio Grande do Norte e Distrito Federal mostram desaceleração nos casos de VSR, embora a influenza A continue em níveis altos de incidência em locais como Mato Grosso do Sul e Pará.
A Fiocruz reitera a recomendação de medidas preventivas, como o uso de máscaras em locais fechados e com aglomeração, além da etiqueta respiratória, para conter a disseminação dos vírus respiratórios. O cenário epidemiológico atual serve como um lembrete da importância de políticas públicas de saúde e da adesão da população às campanhas de vacinação para proteger os mais vulneráveis e aliviar a sobrecarga no sistema de saúde brasileiro.