Alegações indicam possível interferência do ex-presidente em relatórios sobre o papel da Rússia nas eleições; especialistas rebatem e caso ainda não tem investigação oficial.
Documentos divulgados neste final de semana estão sacudindo o cenário político nos Estados Unidos ao levantar a possibilidade de que o ex-presidente Barack Obama teria influenciado diretamente agências de inteligência para sustentar a narrativa de que Donald Trump foi eleito graças à interferência do governo russo em 2016. Segundo alegações levantadas por Tulsi Gabbard, atual diretora de Inteligência Nacional, a Casa Branca à época teria orientado que conclusões técnicas fossem modificadas para fortalecer a tese de "conluio" entre Trump e o Kremlin, apesar de, inicialmente, os serviços de inteligência não considerarem que a Rússia tivesse capacidade para alterar o resultado das eleições.
As declarações reacendem um dos mais polêmicos capítulos da história recente dos EUA e sugerem que decisões estrategicamente construídas podem ter sido utilizadas para minar a legitimidade do então presidente eleito. De acordo com Gabbard, os documentos serão enviados ao Departamento de Justiça para uma possível apuração criminal envolvendo não apenas Barack Obama, mas também membros do alto escalão de seu governo. Em contrapartida, democratas e ex-membros da inteligência americana classificam as denúncias como infundadas, ressaltando que os relatórios produzidos à época foram baseados em dados concretos e que nunca houve afirmação oficial de que votos foram manipulados. Investigações conduzidas pelo Senado e por órgãos independentes entre 2017 e 2020 confirmaram que houve tentativas de influência russa por meio de campanhas de desinformação, mas não identificaram qualquer adulteração no sistema de votação.
Até o momento, não há confirmação de que Barack Obama seja formalmente investigado, e nenhuma acusação criminal foi apresentada. O caso, porém, reacende um debate sensível sobre a relação entre política, inteligência e disputa por poder em um dos momentos mais críticos da democracia americana contemporânea.