Crise Humanitária em Gaza se Agrava em Meio à Ofensiva Militar e Bloqueio à Ajuda Internacional
Suspensão de entregas de alimentos, ataques a civis e impasse diplomático aprofundam o sofrimento da população palestina, enquanto Israel mantém bloqueio e operações militares no enclave.
Por Administrador
Publicado em 10/06/2025 02:05
CONFLITO NA FAIXA DE GAZA

A situação humanitária na Faixa de Gaza atinge níveis alarmantes em meio à continuidade da ofensiva militar israelense e ao bloqueio imposto ao território desde outubro de 2023. Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, mais de 54 mil palestinos já morreram desde o início do conflito, sendo a maioria mulheres e crianças. A ofensiva começou após um ataque do Hamas ao sul de Israel, que deixou mais de 1.200 mortos e 251 pessoas feitas reféns.

 

Com cerca de 2,3 milhões de habitantes, Gaza enfrenta uma crise de fome sem precedentes. A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que praticamente toda a população corre risco de desnutrição grave devido ao bloqueio à entrada de ajuda humanitária, que já dura mais de onze semanas. A distribuição de alimentos e medicamentos, realizada por organizações como a Gaza Humanitarian Foundation (GHF), tem sido repetidamente suspensa por falta de segurança. Na última semana, ao menos 17 pessoas morreram em um ataque próximo a um ponto de entrega de alimentos em Jabalia, e outros episódios semelhantes já somam mais de 50 mortos em poucos dias.

 

A dificuldade para garantir a chegada de suprimentos essenciais se agravou após a interrupção das operações da UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, e de outras organizações internacionais. Israel justifica o bloqueio alegando que o Hamas desvia parte da ajuda para fins militares, argumento que é contestado por entidades humanitárias e pela própria ONU. A alternativa criada por Israel e Estados Unidos, a GHF, tem sido criticada por sua falta de neutralidade e por exigir controles rígidos de identidade e reconhecimento facial dos palestinos que buscam auxílio.

 

Além da crise alimentar, a população civil segue exposta a riscos constantes de ataques. Em Rafah, no sul de Gaza, pelo menos 31 palestinos morreram e outros 170 ficaram feridos enquanto aguardavam alimentos em um ponto de distribuição. Testemunhas relataram à imprensa internacional que houve disparos de tanques, drones e navios de guerra israelenses contra multidões de civis, embora o Exército de Israel negue ter alvejado diretamente os pontos de entrega.

 

No campo político, o impasse permanece. Israel afirma que o bloqueio é essencial para sua segurança e para impedir o rearmamento do Hamas, enquanto o grupo palestino sinaliza disposição para entregar o controle de Gaza a um ator consensual, desde que a ofensiva militar seja encerrada. Paralelamente, Israel autorizou a construção de 22 novos assentamentos na Cisjordânia, medida considerada ilegal pelo direito internacional e que agrava ainda mais as tensões regionais.

 

Recentemente, os Estados Unidos vetaram no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que pedia cessar-fogo imediato em Gaza, mantendo o isolamento diplomático de Israel e a falta de perspectivas para uma solução negociada.

 

Diante desse cenário, a crise humanitária se aprofunda, com milhares de crianças e adultos em situação de extrema vulnerabilidade, enquanto a comunidade internacional busca alternativas para garantir a entrada de ajuda e a proteção dos civis no enclave palestino.

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