Presidente da Câmara blinda Eduardo Bolsonaro e recua diante de temor por crise com os EUA
Decisão de arquivar pedidos de cassação revela impacto da tensão diplomática e provoca onda de protestos no Congresso
Por Administrador
Publicado em 21/07/2025 15:40
POLITICA

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitou nesta segunda-feira, 21 de julho de 2025, todos os pedidos de cassação do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no Conselho de Ética da Casa. Fontes do Legislativo apontam que a decisão, anunciada em meio ao agravamento da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, está diretamente associada ao temor de represálias políticas e econômicas que poderiam ser desencadeadas por Washington, caso o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro enfrentasse a perda do mandato nesse momento delicado das relações bilaterais.

A suspensão das ações disciplinares ocorre após pressão crescente de aliados de Eduardo Bolsonaro, que argumentaram no bastidor que medidas drásticas contra o deputado poderiam ser exploradas politicamente pelo governo americano e aumentar ainda mais o clima de instabilidade entre os dois países. O governo dos Estados Unidos já havia sinalizado desconforto com decisões recentes da Justiça e do Legislativo brasileiros que envolveram a família Bolsonaro e, nos últimos dias, ampliou sanções, críticas públicas e restrições diplomáticas.

Parlamentares da oposição protestaram de imediato, acusando a presidência da Câmara de sucumbir à agenda internacional e colocar em risco a autonomia do Poder Legislativo frente a interesses estrangeiros e familiares de ex-chefes de Estado. Para líderes de partidos opositores, a blindagem de Eduardo Bolsonaro representa “um recuo histórico”, que compromete a credibilidade do Parlamento e alimenta a sensação de impunidade parlamentar.

Após o anúncio, Hugo Motta defendeu que a decisão seguiu orientação técnica da Corregedoria e respeitou critérios regimentais. Nos bastidores, porém, deputados governistas e independentes admitem que o peso da conjuntura internacional foi levado em conta para evitar um novo gatilho de conflito diplomático, especialmente com setores do Congresso dos EUA e do Departamento de Estado atentos ao desfecho do caso.

O arquivamento dos pedidos de cassação deve alimentar novos embates em plenário e pode gerar repercussões negativas junto à sociedade civil e entidades de fiscalização. O episódio expõe, mais uma vez, a influência de questões externas sobre decisões internas do Parlamento brasileiro e sinaliza os desafios do país para conciliar soberania, legislação nacional e a pressão de grandes potências em ambiente de alta tensão política internacional.

 
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