Trump decide retirar EUA da Unesco novamente e acende alerta sobre isolamento cultural global
Decisão de Washington gera reações no mundo educacional, científico e diplomático, alimentando debate sobre consequências para a influência americana
Por Administrador
Publicado em 23/07/2025 08:39
MUNDO

Dois anos após o retorno dos Estados Unidos à Unesco, o presidente Donald Trump anunciou que o país voltará a deixar a principal agência cultural e educacional da ONU. A medida, oficializada na última terça-feira, terá efeito prático em dezembro de 2026 e já provoca repercussão mundial, intensificando discussões sobre os riscos de um crescente isolamento cultural e educacional dos EUA frente ao cenário internacional.

A Casa Branca justificou a saída acusando a Unesco de promover causas culturais e sociais consideradas divisivas e incompatíveis com a política nacional. Entre os motivos citados estão a aceitação da Palestina como Estado-membro e um suposto viés anti-Israel, além do apoio da agência a pautas globais, como igualdade de gênero e combate às mudanças climáticas, classificadas como “agenda ideológica”.

A Unesco, com sede em Paris, é reconhecida mundialmente por iniciativas como a designação de Patrimônios da Humanidade, promoção da liberdade de imprensa, preservação de línguas e estímulo à educação inclusiva e tecnológica. Autoridades da organização manifestaram profundo pesar pela decisão norte-americana, mas ressaltaram que já haviam diversificado suas fontes de financiamento para mitigar impactos: atualmente, os EUA respondem por apenas 8% do orçamento da entidade, contra 20% nas retiradas anteriores.

Para especialistas, a nova saída americana gera efeitos concretos e simbólicos. A influência dos EUA sobre regras de proteção a patrimônios históricos, políticas para ciência, educação e desenvolvimento tecnológico tende a diminuir, abrindo espaço para maior protagonismo de China e outros países, que ganharam voz durante o período de ausência americana. Organizações científicas e culturais americanas que dependem do selo da Unesco, especialmente em projetos de preservação e reconhecimento internacional, avaliam que o país segue perdendo oportunidades de intercâmbio, colaboração e liderança global.

No plano político, a medida é vista como parte de uma estratégia mais ampla da administração Trump, que inclui a saída de outros organismos multilaterais, como a Organização Mundial da Saúde e o Acordo de Paris. Analistas internacionais alertam que o novo recuo representa tanto um enfraquecimento das iniciativas educacionais e culturais quanto mais uma etapa do distanciamento dos EUA das principais arenas de cooperação global.

O anúncio foi recebido com críticas por parte de lideranças mundiais, como o presidente da França, Emmanuel Macron, que reforçou o compromisso do país com a Unesco. Já o governo de Israel, aliado tradicional de Trump, aplaudiu a decisão e elogiou o “apoio moral e a liderança americana” contra o que consideram parcialidade da agência.

Enquanto a retirada não se completa, entidades ligadas à educação, ciência e cultura dos Estados Unidos seguem buscando alternativas para manter o diálogo internacional e minimizar consequências negativas para estudantes, pesquisadores e gestores de patrimônio cultural. Aqueles que defendem a participação dos EUA na Unesco apontam que, diante de ameaças globais como desinformação, crise climática e erosão do patrimônio, o engajamento internacional se mostra cada vez mais estratégico para interesses nacionais e para o próprio papel americano no mundo.

 

 
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